segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Words are Immortal #4


Mais uma noite



''Mais uma noite chuvosa...
Pessoas correndo para fugir e se esconder dela
Ela castiga a vidraça pela qual eu observo
O pequeno café, o qual costumo vir todas as noites, está cheio hoje''


''Não bebo muito. Nada além do habitual conhaque.
 É tarde, eu deveria ir embora já
Mas como não perceber aquela jovem perto da porta
Ela parece olhar em minha direção''


''Um singelo professor de artes como eu
Roupas simples sem elegância, devo admitir.
Desconfio, pois , sua atenção não deve estar em mim''


''No entanto sinto que ela vem para meu lado.
Bem apessoada, cabelos negros até as costas
Um vestido vermelho que indica um gosto caro
E para minha surpresa ela senta a minha frente''


''Olhos negros que me cativaram ao encontrar-se com os meus 
O garçom se aproxima e ela pede o mesmo que eu
A conversa com ela é interessante
Passamos horas e horas ali
Descubro que ela é fotógrafa e esta na cidade a trabalho.
Vários gostos em comum e uma pequena atração que surge entre nós.''


''A conta é paga e nós rumamos para o apartamento da amiga dela a poucas quadras
A chuva havia cessado, mesmo assim apuramos o passo
Ela parecia ansiosa...
No meu intimo talvez eu soubesse o que realmente queria ela''

''O apartamento estava vazio
A amiga dela voltaria só no dia seguinte
As luzes nem foram ligadas e ela me atacou
Passando os braços em torno de meu pescoço e beijando meus lábios''


''A um tempo eu não fazia aquilo então demorei para tomar a atitude
Então rapidamente peguei o pequeno abajur que pude sentir com o toque
E desferi contra sua cabeça
Ela gritou de surpresa e dor com a testa ensanguentada''


''A garota se encolheu num canto tomada pelo medo
Tranquei a porta as minhas costas e acendi as luzes
Fiz sinal com o dedo junto a boca para que ela não se manifestasse
O silencio dela seria importante''


''Vasculhei os bolsos e achei minhas luvas
Fui até a cozinha e procurei por alguma faca afiada
Ela nem sequer respirou nesse meio tempo''

''Voltei para terminar meu serviço''


''Tomei-a em meus braços, ela começou a se debater
Sua estatura baixa facilitou
Passei a lamina por sua garganta e suavemente repousei seu corpo no sofá próximo
Com a luz agora desligada e a sala banhada apenas com o brilho do luar
Aproveito para admirar a obra prima diante de mim''


''Deixo a porta apenas encostada, desço e o porteiro acena desejando boa noite
Reparo no jornal que ele lê
Manchete com um suposto assassino na cidade''

''Vitimando mulheres jovens e bonitas''

''Aceno para o porteiro e saio para a noite.''

''A chuva recomeçou... ''




                                                                                                         Bernardo Civardi

Nenhum comentário:

Postar um comentário